[Verso 1: Zap-san] Chaves fecham portas quando não queremos que alguém entre Chuvas derrubam portas em forma de enchentes Olhar vazio q a**iste a enxurrada Levando tudo que sempre foi chamado de nada Antes fosse só Bens materiais, centenas de corpos entre as águas como grãos de pó Misturados entre sangue, barro, lama, lixo Creio que não exista final pior Sem tempo de socorro O preço é sete palmos de terra pra quem pa**a a vida trepado nos morros Senado em férias lugares aguardam verbas incertas De quem em casa cuida melhor do cachorro Descontente aumento salarial Assiste o lamaçal na sua tela de cinquenta polegadas Moro num país tropical, em fevereiro tem carnaval Mas em janeiro o temporal mata Vejo os jornais eu penso nas crianças meu deus Eu sinto o gosto da lama na minha garganta Me imaginando daquele outro lado Não existe cena pior que imaginar um berço soterrado Pior de tudo é saber, daqui um ano eu vou ver tudo de novo Avenidas virando represas Revolta da natureza? Talvez, apocalipse? Não sei Mais que isso é descaso é uma certeza! Entendo menos quanto mais eu reflito O brasil é tão grande. Por que moramos em lugares de risco? Por que que as multinacionais não se uniram pra levantar verbas pra ajudar esses locais? Mas pagam milhões de reais mensais pra craque da bola no fim da carreira e que nem brilha mais Prevenção só se pra copa de logo mais Mais importante que chacinas naturais anuais [Refrão: Terra Preta] Pai enquanto a chuva cai Quantos sonhos arrastados no meio da enchente Pai, espero que não seja forte ao ponto De ela conseguir me arrastar Se deus derrama a gota de uma lágrima O mundo se afoga em um minuto [Verso 2: Zap-san] Queria estar exagerando agora Que a tempestade fosse no meu copo d'água, não lá fora Queria não ter presenciado na tela do noticiário Meu povo em meio a "garganta do diabo" Queria que as chuvas de verão trouxessem a sensação De frescor, alívio, não de dor Sem arco-íris só o vermelho Eu vejo a cidade e as pessoas dentro de um liquidificador [Verso 3: Rashid] As goteiras enchem baldes e a água fria esvazia os corações Erosão no sorriso que regia nações Todo verão, todos verão mais milhões Pondo a culpa em deus, mas quem são os reais vilões? Mais razões de fato Só que consciente aqui é um adjetivo similar a chato Descaso ou desacato? Outro dilúvio a natureza propôs mais o homem não cumpriu o trato E o contrato foi quebrado Com tratores chegaram todo o verde foi queimado Você foi avisado pelo furacão Katrina Tsunami, jogando qualquer discurso da O.N.U. numa latrina Olha pro Brasil um país tropical nem imaginam esse mal sem dimensões Minha cidade não foi planejada mais coincidentemente Eu nunca vi uma enchente derrubando mansões [Refrão]