[Verso 1: Zap-san] Verdadeira rua, rua verdadeira Mesmo sem o brilho da lua mesmo sem o sol na telha Presente pra min, poder falar sobre ela Que adentra sem asfalto morros e favelas Nela eu sorri com os manos nos tempos de alegria Nela eu sofri pa**ei momentos de agonia Terra molhada e salgada de suor e lágrima Pra esse tempero ajudei com boas pitadas De coração, faço mais essa canção Pra mostrar a gratidão de estar nos role nas calçadas Meço a composição, as miro na multidão Pra levar motivação pros que desistiu no meio da caminhada Calejados por topadas sobre as pedras Implantadas por quem nos impõe deveres e regras Artista plástico que pinta nossa rua é inimigo Gasta tinta com terra mais nunca com os paralelepípedos Pra quem tá preso, exilado atrás das grades Palavra "rua" representa a liberdade Ao mesmo tempo, causa pânico e a**usta Os desempregados do termo no "olho da rua" Se cruzam entre casebres e arranha-céu Traz motivação pro Zap escrever no papel Faço questão de em cada verso sempre ser verídico Se a rua é verdadeira, os vagabundos não pode ser postiços [Refrão: Zap-san] Represento a rua no rap em cada som Com os pés na rua eu sigo minha missão Espalhar a paz em cada verso escrito Eu sou da rua sim, pela rua eu resisto [Verso 2: Gilponês] Resisto, insisto, persisto, logo existo Mas não desisto dessa árdua caminhada Jamais de salto alto, com os pés no chão Seja no asfalto ou no terrão, vou imprimindo minhas pegadas Pa**o a pa**o, o espaço é disputado a tapa Quem apanha pega o beco pra fora do mapa Se essa rua fosse minha, eu mandava quebrar Todos os muros, todas as cercas de todo lugar Eu rimo a rua e me apoio no vernáculo Desvio dos tentáculos, supero obstáculos A paisagem cinzenta deflagra tormentos Mas não apaga as cores do pensamento Semáforo amarelo é atenção, espero o verde Gosto da rua porque não tem teto e nem paredes Mesmo sobre o forte sol, o limite é o céu Busco minha sombra nem que seja na casa do chapéu Se minha mente é o lar, o meu quintal é a rua Minha lâmpada é o sol... meu abajur, a lua Minha janela é do tamanho do universo Que me inspira a compor cada rima, cada verso Cotidiano automático, tipo um esquema tático Talvez para muitos isso seja prático Mas eu não sigo roteiro nem obedeço padrão Nas ruas, prossigo, sempre com os pés do chão [Refrão] [Verso 3: Lindomar 3L] Ei, tio. eu tenho o espírito da rua Carregando uma caixa de engraxate a luz da lua De madruga tipo seu madruga sem pagar aluguel Quando chove é só goteira meu telhado é o céu Meus amigos é os mendigos que fecham sempre comigo Das ruas aqui é nós, a rua é o nosso abrigo Conheço cada viela da favela da quebrada Cada beco sem saída, cada rua esburacada Eu sou o que vim de lá das ruas de Uberaba Periferia tem talento, e talento nunca se acaba Morreu, mas nasceu milhares de "Sabotages" São as peças da rua que movimentam a engrenagem Mas no rap tem uma pá de moleque que nem da rua é E prostitui a rua pra ter fama e mulher Só que as ruas tão olhando e recrutando os verdadeiros O Q.G da revolução não fecha com esse puteiro O caminho é um só, e nele o que prevalece é a humildade de quem ajoelha e faz uma prece Pedindo ao nosso senhor paz, amor e sabedoria A todas as famílias que habitam na periferia Os moradores de rua que a sociedade enxota Que deus livre de todo mau principalmente da rota De Uberaba pra São Paulo, de sampa para Nagoya Do brasil até o Japão, polícia na rua "móia" [Refrão]