[Ponte: Poesia Samba Soul] Sonho meu, sonho meu Vai buscar quem mora longe, sonho meu [Verso 1: Dum-Dum] Pra sonhar agora é impossível O momento é de perigo, a minha vida corre risco Marginalizado, esquecido, a**im eu me sinto Agoniado no quadrado de vidro Chuva forte e alaga Zona Norte, Zona Sul Leste a Oeste, refém da morte Desesperado, eu sofro só, a sociedade vai ter dó E a minha causa não vai pa**ar de um BO Céu escureceu, um raio cai lá fora Tortura não é física, é psicológica Tentei sair, já era tarde Ventania, temporal, granizo, tempestade As goteiras nas telhas, as madeiras podre Não quero morrer a**im, Senhor, me perdoe Vejo os barracos no alto da favela Me dá calafrio, me desespera [Refrão: Poesia Samba Soul, Smith e Jota Ariais] Vai, barracão, pendurado no morro, me pedindo socorro Aí, a cidade aos seus pés Vai, barracão, sua voz eu escuto Não te esqueço um minuto porque sei que tu és [Verso 2: Dum-Dum] Minuto após minuto a TV me mostra O transtorno que pode me levar pra cova Arrependido de ter invadido esse pedaço de terra Made in Nordeste pra capital, favela O chão de barro tá um lamaçal O cheiro de esgoto tá me fazendo mal A gambiarra na luz tá resistindo bem É bom, sinal que aqui tem alguém Água suja tá subindo, tá batendo a canela Vai dar PT nos móveis, vou salvar minha tela, companheira fiel na solidão Pô, meu guarda-roupa; olha, meu fogão As telhas saiu voando São Pedro, piedade, tá tudo alagando Vou ter que sair fora Pra onde essas horas, e agora? [Refrão: Poesia Samba Soul, Smith e Jota Ariais] Vai, barracão, pendurado no morro, me pedindo socorro Aí a cidade aos seus pés Vai, barracão, sua voz eu escuto Não te esqueço um minuto porque sei que tu és [Verso 3: Dum-Dum] Meu castelo de madeira tá acabado Tudo que eu tinha na vida foi pro saco Me querem num albergue, triste e sozinho À procura felicidade num mundo perdido Morro, favela, dentro de uma pá de risco Onde pobre morre soterrado feito lixo Por falar nisso, o lixo deve ser a causa da favela tá toda debaixo d'água Pô, não acredito, não, meu barraco soterrado, não Minha cama, meu som, só prejuízo Eu sonhava com um Fusca, agora é impossível Tô vivo, mas não conformado com a dor Esquecido por Deus, sou um eterno pecador Que deu fuga tipo ninja de Sodoma e Gomorra Pra viver vários dilúvios na cidade da garoa [Refrão: Poesia Samba Soul, Smith e Jota Ariais] Vai, barracão, pendurado no morro, me pedindo socorro Aí, a cidade aos seus pés Vai, barracão, sua voz eu escuto Não te esqueço um minuto porque sei que tu és Vai, meu barracão, vai pobretão infeliz