Eu 'tou tão longe da verdade pura. Dura/ À procura da sanidade do outro lado da loucura/ Diz o monge que a verdade cura. Jura/ Mas por mais que eu sorria volta sempre chuva/ E volto a ser humano e para onde é que ele volta?/ Se não és rico, nem pobre, nem preto, nem branco/ Qual a camisola, brother? Só me isola, brother/ 'Tão-me a meter etiquetas, gavetas só tretas/ 'Pa ver se a minha sola cola/ Isto é de solo a solo/ O meu caminho a mim pertence/ Isto é 'pa toda a gente e eu repito "toda a gente"/ Nada nos une, nada nos separa, preso, penso/ Teoria insana em que eu vivo, clinicamente tenso/ Eu 'tou pronto 'pa conversarmos a sério/ E se eu tiver a errar o pa**o no terraço do prédio/ Dá-me a verdade crua e cristalina/ Dá-me a tua perspectiva, a chave/ Eu já nasci com um olho fechado/ Isto não é comida, brother, mas espero que te alimente/ A fome desta alma, que aguça o meu pensamento/ Abrupta voz da calma, nunca dorme, nunca mente/ Pa**ado não alimenta o meu presente, eu paro o tempo/ Pernoito raramente em casa, a cota sente a falta/ Meus putos no café já dizem que eu esqueci da malta/ Eu acho que senti saudade até uma certa idade/ Mas lá p'á sétima mudança o sentimento é claramente bloqueado pela cabeça, eu 'tava mais calado/ Puto anestesiado, mo pai 'tá informado/ Chegava a casa cada dia, 10 anos cansado/ 20 anos, 30 anos, nunca o ouvi queixar-se/ E vi tão pouco, 18 anos dessa fé dos outros/ Se Deus alguma vez me ouviu Não me culpou pelos loucos amargurados/ Já fui tão manipulado, que hoje em dia eu nunca sei se sou culpado, então eu nunca paro/ Eu sempre fui diferente, eu não escolhi prová-lo/ Eu minto raramente a gente que me ouviu no rádio/ Exactamente o mesmo, que me mente a mim o sábio,/ O mesmo que me minto ao espelho, é tão dúbio o meu lábio/ Eu dava tudo por frases de Hemingway/ E por falar comigo próprio, honestamente como eu sei que,/ Poderei um dia vir a ser, eu acredito/ Eu sou o meu pior inimigo, o que eu não consigo é Aceitar as minhas falhas, ver o ser humano,/ Pensar na escada, pa**o a pa**o, quanto tempo tenho?/ Chamam-me hipócrita,/ Apregoador de calma incógnita a mim próprio,/ Evito viver sóbrio, evito ver que as tenho/ Nego ser ignorante, nego ser abençoado/ Nego limites, não me imites, acabarás magoado/ Nego doutores e horas de sono aconselhado pela ciência, boy,/ Meu dia tem bem mais que 24/ O quarto, o parto, o dar-to um lar, tirar-to/ Eu vivo vidas entre linhas, J o encarnado/ Achei que isto era really real rap do Tibete,/ Vai dizer ao Dalai Lama Que eu hoje 'tou a iluminar a track, n***a/ Peace 'pa todo o ser humano que procura paz/ Eu 'tou a procura da minha e tanta falta faz/ Hoje eu 'tou num daqueles dias em que é complicado/ Pensei em enrolar a minha e deixar-te um recado/ Tu és da rima ou do canto, tu és preto, ou és branco/ Tu vais para qual das gavetas, concentra-te no importante/ Se eu viver irrelevante,/ Leva daqui que eu vi vida a cada instante/ Em cada nota do piano Em cada frase Nach'iana que eu decorei/ Cada beat de Dr. Dre, cada Kid Cudi Cada track de K. dot, rap de tentar/ Se não foi 'pa legendary, foi 'pa quê?/ Antes de apontar gun, aponta no caderno o teu porquê/ Se não der para acabar com a fam' em Saint-Tropez/ Quem sabe aos domingos atacarmos o buffet/ E chegar a velhinhos, sermos quentes dentro, sorridentes/ lentos me'mo, orgulhosamente, como cotas no presente/ Que só se encontram raramente e isso a**usta-me/ E muitas outras coisas igualmente/ Porque eu não faço sons, nunca ousarei ser tão eloquente/ Eu só rezo por música diferente/ Eu nunca fui guloso, só quis algo mais que amigo/ Fazer ao Rui Veloso o que o Ronaldo fez com o Figo/ Fome de ser colosso circulou e o ser colou-se Ao ser que só queria ser feliz, mesmo que sem abrigo/ Eu devo ser um ser antigo,/ P'ra parecer-me, deves parecer-te só contigo/ Eu devo ser um ser antigo/ P'ra parecer-me, deves parecer-te só contigo/ Ligo o mic. barro o pão, 80 barras 'pa degustação/ Já ninguém me agarra sem a vocação,/ Isto é de coração/ Designs vindos do interior,/ n***a, eu faço isso por amor, não por bajulação/ Icónico é o ócio de homens que desdenham O lógico da corja pela imaginação/ Se o tópico é um top e cú tópicos nos trópicos/ és cómico e tens cotação/ Eu sou um homem ou uma mutação/ Eu sou óptimo, o óbito da perfeição/ Eu não me prendo nessa caixa, eu sou libertação/ Eu não sou quente, eu só ostento a minha lentidão/ Dá-me uma prenda e sente a pulsação/ Mo mano aguenta tudo o que é pressão/ Forjado a aço,/ No meu braço eu tenho traços de quem nunca faz as pazes com essa estagnação/ Hoje eu aprendo mais uma lição/ Isto nem é damn, só demosntração/ É a**im que eu encho tracks tipo bolsos, mãe/ 97 98 99 100./