[Verso 1: Thaigo Elniño] Orumila jogou os búzios pra ver Que futuro ia ter a ave que enfrentou o Oxossi Índio guerreiro que era justo, que era forte Que pra defender o povo tinha apenas uma flecha em sua posse E que mostrou que o impossível não era improvável E o que não era tranquilo se fez favorável E uma hora cês vão ver o inevitável Nossa fé é imensurável e transforma dor em motivação Pra superação, tanta humilhação Atravessar o oceano para trampar na sua plantação Café, algodão, cana, escravidão Alforriaram o nosso corpo, mas deixaram as mentes na prisão Não! Abre logo a porra do cofre Não tô falando de dinheiro, eu falo de conhecimento Eu não quero mais estudar na sua escola Que não conta a minha história, na verdade me mata por dentro Me alimento da sabedoria de entidades de terreiro Sou guerreiro da falange de Ogum, zum zum zum Capoeira mata um, mata mil Pedagoginga na troca de informação Papo de visão, nossa construção Pa**a por saber quem somos e também quem eles são Não entrar em conflitos que não tragam solução Evitar fadiga, não dar um pa**o em vão Quando todo campo de conhecimento é válido Só tem que homem pálido Nos vende que somente o seu que serve Levanta-se a voz daquele que se atreve A expor seu desconforto mesmo que o sistema não releve Não é leve não, mano, pesado pique um fardo Eu tenho amigos no outro lado, são exceções que eu tenho amor Mas se tem coisa que a escola não me ensinou É que o amor é indispensável em qualquer lugar que for [Refrão: Kmkz] Minha percepção de mundo diz que nós Mesmo não vendo nada em volta, nunca estamos sós Faço minha oração, peço força pro meu guia E que ele não me abando nas lutas do dia a dia [Verso 2: Thiago Elniño] Mano, vou te falar ein, ô lugar que eu odiava Eu não entendia porra nenhuma do que a professora me falava Ela explicava, explicava, querendo que eu Cria**e um interesse num mundo que não tinha nada haver com o meu Não sei se a escola aliena mais do que informa Te revolta ou te conforma! Com as merdas que o mundo tá Nem todo livro, irmão, foi feito pra livrar Depende da história contada e também de quem vai contar Pra mim contaram que o preto não tem vez E o que que o Hip-Hop fez? Veio e me disse o contrário A escola sempre reforçou que eu era feio O Hip-Hop veio e disse: "Tu é bonito pra caralho" O Hip-Hop me falou de autonomia Autonomia que a escola nunca me deu A escola me ensinou a escolher caminhos Dentro do quadradinho que ela mesmo me prendeu [Verso 3: Sant] Nasceu vencendo o Apartheid no ventre Vive quem sempre sabe olhar pra frente, certo? Livre com toda vez áspera, conta meses a esperar Pra respirar, mais um dessa diáspora Com três ouvia pólvora, com quatro o pai não mais verá Cinco primo preso, qual perspectiva haverá? A nove do plantão disparará, opera lá Mas pensa, menor de dez juiz absolverá Se envolver, era coroa não piorar, Deus escutará no rádio Na escola não ensinaram a orar, mas aprendeu a contar E ponta é fácil, seiscentos por semana Piscou tem treze agora comprar Até kit novo e comemorar, mas o silêncio na ilha diz que se repetirá Pra tua mérito-fazendo meu verso-f*gulha Por que tinha só dezesseis, tem 5-8-4 na agulha [Refrão: Kmkz] Minha percepção de mundo diz que nós Mesmo não vendo nada em volta, nunca estamos sós Faço minha oração, peço força pro meu guia E que ele não me abando nas lutas do dia a dia (2X)