[Verse 1] Por muitos anos enganei todo mundo lá do corpo doscente Dizendo que meu pai era uma pessoa descente "Ele não veio deve ter surgido algo urgente Tipo... um disco de musica ambiente!" Mas tudo bem, sou artista muito porque sou carente E compenso a atenção que você nunca deu pra gente, papai Sua ausência foi a presença mais sentida da vida Mas sem dramas: Merthiolate arde a ferida Mas cura. Desculpa a secura Quem me criou foi meu avô; ele não tinha frescura Coronel "hay que endurecer sin perder La ternura" Che Guevara é minha vara, lá na minha sepultura As raízes dele serão mais fundas que a sua Aqui é minha mágoa mais clara que a lua: Pra você eu era só um gameta encubado Um bebê de proveta bem mal criado E a recíproca era verdadeira Você pra mim era tipo aquela brincadeira De apinéia. Minha mãe representava o ar Você era a água; quanto agüento sem respirar? Sei lá... [Verse 2] Então ir lá fazer novela acabava sendo um grande conforto Porque na Globo o filho nunca nasce de um aborto Era bom ser amado em faz de conta por um tempo; 6 meses Tony Ramos ou Roberto Bomtempo E a**im se deu a nossa relação na minha infância: Você praticando a paternidade a distância Eu procurando seu afeto; semi-mendicância É impossível ser harmônico na dissonância Foi só ai que eu entendi. Tem coisas que eu não posso esperar Que não é justo de eu ter ir que te cobrar Eu gosto pra caralho de quem eu me tornei O mérito é todo meu, graças a você eu sei Que eu to sozinho nesse mundo Que eu quero amar todo segundo E não posso dar o luxo de ser vagabundo Porque eu nunca vou usar seu nome; Na abundância e também na fome Eu vou pra glória ou pra escória com as minhas próprias pernas Lavosier; jogo a lágrima pra minha cisterna E a**im escrevo minha história sem pudor, só exagero na dedicatória Porque a verdade é que eu sou igualzinho a você E destruo tudo no caminho pra poder vencer É o sangue Cavalcanti de Albuquerque Não tem como fugir, tem sua marca, sua grife DA GEMA, Carioca. Mas também sou De Recife