[Intro] O Nordeste é poesia Deus quando fez o mundo Fez tudo com primazia Formando o céu e a Terra Cobertos com fantasia Para o Sul deu a riqueza Para o Plan*lto a beleza E ao Nordeste a poesia [Verso 1] Rasgo de leste a oeste como peste do sul ao sudeste Sou rap agreste, Norte-Nordeste, epiderme veste Arranco roupas das verdades poucas das imagens foscas Partindo pratos e bocas com tapas mato essas moscas Toma! Eu meto lacres com backs derramo frases ataques Atiro charques nas bases dos meus sotaques (Oxe!) Querem entupir nossos fones a repetirem nomes Reproduzindo seus clones se afastem dos microfones Trazem um nível baixo, para singles fracos, astros de cadastros Não sigo seus rastros, negados padrastos Cidade negada como madrasta, enteados já não arrasta Esses órfãos com precatas, basta! Ninguém mais empata Meto meu chapéu de palha sigo pra batalha Com força agarro a enxada se crava em minhas mortalhas Tive que correr mais que vocês pra alcançar minha vez Garra com nitidez rigidez me fez monstro camponês Exerce influência, tendência, em vivência em crenças destinos Se a**umam são clandestinos se negam não nordestinos Vergonha do que são, produção sem expressão própria Se afastem da criação morrerão por que são cópias Não vejo cabra da peste só carioca e paulista Só frestyleiro em Nordeste não querem ser repentistas Rejeitam xilogravura o cordel que é literatura Quem não tem cultura jamais vai saber o que é rapadura Foram nossas mãos que levantaram os concretos os prédios Os tetos os manifestos, não quero mais intermédios Eu quero acesso direto às rádios palcos abertos Inovar em projetos protestos arremesso fetos Escuta! A cidade só existe por que viemos antes Na dor desses retirantes com suor e sangue imigrante Rapadura eu venho do engenho rasgo os canaviais Meto o Norte-Nordeste o povo no topo dos festivais Toma! [Refrão] Ei, Nortista agarra essa causa que trouxeste Nordestino agarra a cultura que te veste Eu digo Norte vocês dizem Nordeste Norte (Nordeste), Norte (Nordeste) Ei, nortista agarra essa causa que trouxeste Nordestino agarra a cultura que te veste Eu digo Norte vocês dizem Nordeste Norte (Nordeste), Norte (Nordeste) [Ponte] Minhas irmãs, meus irmãos Se a**umam como realmente são Não deixem que suas matrizes, que suas raízes morram Por falta de irrigação Ser nortista e nordestino meus conterrâneos Num é ser seco nem litorâneo É ter em nossas mãos um destino nunca clandestino para Os desfechos metropolitanos [Verso 2] Devasto as galerias tão frias cuspo grafias em vias Espalho crias nas linhas trilhas discografias Arrasto LPs, EPs CDs, DVDs Cachês, clichês, surdez, vocês? Não desta vez! Esmago boicotes com estrofes em portes cortes nos flogs Poetas pobres em montes dão choques em hip pops Versos ferozes em vozes dão mortes aos tops blogs Repente forte do norte sacode em trotes galopes Meto a fita embolada do engenho em bilhetes de states Dou breaks em fakes enfeites cacete nas mixtapes Bloqueio esses eixos os deixo sem alimentação Alheios fazem feio nos meios de comunicação Essas rádios que não divulgam os trabalhos criados em nossos estados Ouvintes abitolados é o que produz Contratos que pagam eventos forçados com pratos sobre enlatados Plágios sairão entalados com esse cuscuz Ao extremo venho ao terreno me empenho em trampo agrônomo Espremo tudo que tenho do engenho a um campo autônomo Juntos fazemos demos oxigênios anônimos E não gêmeos fenômenos h*mogêneos homônimos Caros exteriores agrários são os criadores Diários com seus labores contrários a importação São raros nossos autores amparo pra agricultores Calcários pra pensadores preparo pra incitação Sou côco e faço c**ada embolada bolo na hora Minha fala é a bala de agora é de aurora e de alvorada Cortando o céu da estrada do nada eu faço de tudo Com a enxada aro esse mundo e no estudo faço morada Sou doce lá dos engenhos e venho com essa doçura Contenho poesia pura a fartura de rima tenho Desenho nossa cultura por cima e não por de baixo Não sabe o que é cabra macho? Me apresento Rapadura Espanco suas calças largas com vagas para calouros Estranha o som do Gonzaga a minha sandália de couro Que esmaga cigarras besouros mata nos criadouros Meu povo o maior tesouro amor regional duradouro Recito os ribeirinhos o Mara - baixo em vivência Um norte com essa essência não enxerga essa concorrência São tão iguais ouvi vários e achei que era só um Se no Nordeste não tem grupo bom Não tem em lugar nenhum, toma! [Refrão]