[Verso 1] Minha cabeça trovoa Sob o meu peito eu te trovo e me ajoelho Destino canções pros teus olhos vermelhos Flores vermelhas, Vênus, bônus Tudo que me for possível, ou menos Mais ou menos Me entrego,Me ofereço Reverencio a sua beleza Física também, mas não só, não só [Verso 2] Graças a Deus você existe Acho que eu teria um troço Se você dissesse que não tem negócio Te ergo com as mãos, sorrio mal, mal sorrio Meus olhos fechados te acossam Fora de órbita Descabelada, diva, súbita, súbita [Verso 3] Seja meiga, seja objetiva Seja faca na manteiga Pressinto como você chega, ligeira Vasculhando a minha tralha Bagunçando a minha cabeça Metralhando a quinquilharia que carrego comigo Clipes, grampos, tônicos Toda dureza incrível do meu coração Feita em pedaços [Verso 4] Minha cabeça trovoa Sob teu peito eu encontro a calmaria e o silêncio No portão da tua casa no bairro Famílias a**istem TV (Eu não) Às oito da noite Eu fumo um Marlboro na rua como todo mundo E como você, eu sei Quer dizer, eu acho que sei, eu acho que sei [Verso 5] Vou sossegado e a**obio E é porque eu confio em teu carinho Mesmo que ele venha num tapa E caminho a pé pelas ruas da Lapa "Logo cedo, vapor? Não acredito!" A fuligem me ofusca A friagem me cutuca Nascer do sol visto da Vila Ipojuca O aço fino da navalha que faz a barba O aço frio do metrô O halo fino da tua presença [Verso 6] Sozinha na padoca em Santa Cecília No meio da tarde, soluça Quer dizer, relembra Batucando com as unhas coloridas Na borda de um copo de cerveja Resmunga quando vê Que ganha chicletes de troco [Verso 7] Lembrando que um dia eu falei "Sabe, você tá tão chique Meio freak, anos setenta Fique Fica comigo Se você for embora eu vou virar mendigo Eu não sirvo pra nada Não vou ser seu amigo Fique, fica comigo" [Verso 8] Minha cabeça trovoa Sob o teu manto eu me entrego Ao desafio de te dar um beijo Entender o teu desejo Me atirar pros teus peitos Meu amor é imenso É maior do que penso É denso Espessa nuvem de incenso De perfume intenso E o simples ato de cheirar-te Me cheira a arte, me leva a Marte A qualquer parte, a parte que ativa a química, química Ignore a mímica e a educação física Só se abastece de mágica, explode uma garrafa térmica Por sobre as mesas de fórmica de um salão de cerâmica Onde soem os cânticos Convicção monogâmica Deslocamento atômico Para um instante único Em que o poema mais lírico Se mostre a coisa mais lógica E se abraçar com força descomunal Até que os braços queiram arrebentar Toda a defesa que hoje possa existir E por acaso queira nos afastar Esse momento tão pequeno e gentil E a beleza que ele pode abrigar [Verso 9] Querida, nunca mais se deixe esquecer Aonde nasce e mora todo o amor