A cadeira estava sem as pernas sentada no chão, no centro da sala As partes formavam uma cruz A cor era nostálgica Dava sentido pra dança da poeira até grudar na janela (precisava de circulação) Rastros de um desmanche, mancha dos objetos no chão! Rastros de um desmanche, mancha dos objetos no chão! No vidro não tinham desenhos, mas tinham digitais No vidro não eram desenhos, eram digitais No meu ouvido ela gritava: - Baby, Baby... Eu sei que tudo morre, que tudo acaba, que a morte faz um risco na retina como a faca de Buñuel. E Os olhos se regeneram mas o trauma do corte refaz seu movimento num eco fantasma Olhe para este ponto, fure aqui Amorteça esse desenho, corte aqui - Quero dar um Reload, uma turbinada Olhe para esse ponto, amorteça meu desejo... Pra uma cicatrização perfeita e o disfarce completo da cirurgia Mas é plástico, é uma enrascada! O sorriso é prático. A mulher diz “Vai com Deus”, Deus não tá alí O sorriso era histérico e aquela delicadeza escondia uma violência mortífera que envenenava o vento Eles diziam; vamos nós ao vosso Reino (numa construção ambiciosa) Eles diziam: seja feita a vossa vontade (na frente do espelho) Com o altar queimado E o olhar em cruz: Céu/Inferno/Morte/Sul (olho pra cima, olho pra baixo, olho pro lado, olho pra frente) Céu/Inferno/Morte/Sul E as doenças tantas que as flechas de Miguel vinham com insights alopáticos Os colapsos eram pessoais, mas manchavam a paisagem A paisagem era bela Alguém gritava: “mata-me de desejo” O s**o que era estranho “mata-me de desejo” O menino é real “mata-me de desejo” A faca era decepcionante “mata-me de desejo” O sorriso era histérico “mata-me de desejo” E uma morte graciosa Havia um brilho no microscópio do seu olhar