Gabriel O Pensador - Sem Saúde lyrics

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Gabriel O Pensador - Sem Saúde lyrics

[Verso 1] Pelo amor de Deus alguém me ajude Eu já paguei o meu plano de saúde mas agora ninguém quer me aceitar E eu tô com dô, dotô, num sei no que vai dá Emergência, eu tô pa**ando mal Vô morrer aqui na porta do hospital Era mais fácil eu ter ido direto pro Instituto Médico Legal Porque isso aqui tá deprimente, doutor Essa fila tá um caso sério Já tem doente desistindo de ser atendido E pedindo carona pro cemitério E aí, doutor? Vê se dá um jeito Se é pra nós morrê nós qué morrê direito Me arranja aí um leito que eu num peço mais nada Mas eu num sou cachorro pra morrer na calçada Eu tô cansado de bancar o otário Eu exijo pelo menos um veterinário [Refrão] Me cansei de lero lero Dá licença mas eu vou sair do sério Quero mais saúde Me cansei de escutar [Verso 2] (Doutor, por favor, olha o meu neném Olha doutor, ele num tá pa**ando bem Fala, doutor! O que é que ele tem?) A consulta custa cem (Ai, meu Deus, eu tô sem dinheiro) Eu também! Eu estudei a vida inteira pra ser doutor Mas ganho menos que um camelô Na minha mesa é só arroz e feijão Só vejo carne na mesa de operação Então eu fico 24 horas de plantão pra aumentar o ganha pão Uma vez, depois de um mês sem dormir, fui fazer uma cirurgia E só depois que eu enfiei o bisturi Eu percebi que eu esqueci da anestesia O paciente tinha pedra nos rins E agora tá em coma profundo A família botou a culpa em mim E eu fiquei com aquela cara de bunda Mas esse caso não vai dar em nada Porque a arma do crime nunca foi encontrada O bisturi eu escondi muito bem Esqueci na barriga de alguém [Refrão] [Verso 3] Socorro! Enfermeira! Urgente! Tem uma grávida parindo aqui na frente! Ninguém me deu ouvidos E eu dei um nó no umbigo do recém-nacido Mas o berçario tá cheio então eu fico com o bebê no meu colo aqui no meio da rua E lá dentro o doutor tá botando o paciente no colo: - "Por favor, fique nua!" (Quê isso doutor?! Tem certeza?) - "Confie em mim. É terapia chinesa. Tira a roupa!" (Mas é só dor de dente) - "Então abre a boca! (Ahhh) Beleza!" (Ai, doutor, tá doendo!) - "É isso mesmo, o que arde cura" (Não! Pára! Não! Pára doutor! Não pára, doutor! Ai... Que loucura!) - "Pronto, pa**ou, tudo bem. Volta na semana que vem!" Ela vai voltar pra procurar o doutor Essa vai voltar, pode escrever Mas só daqui a nove meses, com um filho da consulta na barriga querendo nascer [Refrão] [Verso 4] Que calamidade Dos bebês que nascem virados pra lua e conseguem um lugar na maternidade A infecção hospitalar mata mais da metade E os que sobrevivem e não são sequestrados Devem ser tratados com todo o cuidado Porque se os pais não tem dinheiro pra pagar hospital Uma simples diarreia pode ser fatal - "Come tudo, meu filho, pra ficar bem forte" (Ah, mãe! Num aguento mais farinha!) - "Mas o quê que tu quer? Se eu num tenho nem talher?" (Pô, faz um prato diferente, mainha!) - "Eu ia fazer a tal da autópsia mas eu não tenho faca de cozinha!" Tá muito sinistro! Alô, prefeito, governador, presidente, ministro, traficante, Jesus Cristo, sei lá Alguma autoridade tem que se manifestar Assim num dá, onde é que eu vou parar Numa clínica pra idosos, ou debaixo do chão E se eu ficar doente, quem vem me buscar A ambulância ou o rabecão Eu tô sem segurança, sem transporte, sem trabalho, sem lazer Eu num tenho educação, mas saúde eu quero ter Já paguei minha promessa, não sei o que fazer Já paguei os meus impostos, não sei pra quê Eles sempre dão a mesma desculpa esfarrapada "A saúde pública está sem verba" E eu num tenho condições de correr pra privada Eu já tô na merda

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