Eduardo Brechó - Teu mar enche meus olhos lyrics

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Eduardo Brechó - Teu mar enche meus olhos lyrics

(Duas semanas distante e esse amor ziquizira continua o mesmo) São Paulo, teu peito é um desbarranco Teu mar arde em meus olhos São Paulo boteco, carquéra e cascaio Teus cachorros montam cabritos E aqui até as pombas aprendem a cantar São Paulo oito cores no arco-íris Céu rosa e roxo, pincel sujo Teu crepúsculo é o mais belo São Paulo Bolívia e Haiti, Senegal Japão São Paulo camela, São Paulo função São Paulo onde os táxis não vão São Paulo funk, São Paulo Buda, São Paulo baião Meu pescoço tua viela Donde brotam gírias, lamentos e senhas Poesia magrela Que duques copiam quadrado Pra vender redondo São Paulo Teus salmos são bóias, teus dízimos iates, tuas gravatas chicote Tua madrugada vai mais fundo que o Tempo África em teus quintais Teimosos hortelãs Florestas nas janelas e beirais São Paulo preta e branca São Paulo vermelha Dos barracos, de nossas vistas ariscas e tuas valas São Paulo, pipa rasgada insistindo em voar São Paulo do cabelo branco e seu olhar de vidro Pa**o arrastado na ladeira São Paulo anciã, sua malícia e sua graça Seus traumas, suas lascas, sua pirraça São Paulo dos trilhos trincados Vai de pé e apertada minha espe- rança Da Cidade Tiradentes a Perus Do Jaçanã a Parelheiros Em goteiras pinga a alma Batalhando alguns cruzeiros São Paulo barreiro, palacetes e torres Rosa despetalada que alucina São Paulo das tranças São Paulo das trancas Cadeados nas veias meninas São Paulo muleca gingando em sequelas São Paulo da janta, o virado em gamelas Partilhado por buracos no muro Sorrindo cabreira São Paulo feira Sacolona furada leva sonhos pe- chinchados Carrinho tropicando a doçura em teus buracos São Paulo No teu golzinho de chinelo no asfalto Rola meu coração Ficou o tampo do meu dedão E aqueles craques que tu esmigal- hou São Paulo Na lousa da várzea, rege as chutei- ras a bactéria Come as unhas da alegria Que domingo, em cada xingo um carinho No terrão faz seu ninho Que na segunda o espinho São Paulo vasta Cabe num varal De cabeça pra baixo Pinga teu pânico São Paulo dos sabiás São Paulo das ratazanas Teu rancor a lixaiada no beco Teu tesão a fogueira no escadão São Paulo, teu choro é a enchente do verão Teu segredo, muquiado no último vagão São Paulo fardada que escolta o Herdeiro Helicópteros, Lamborghini, dia- mante São Paulo Nordeste, meu cangote tem teu cheiro São Paulo centro, mil abelhas no vespeiro Folha seca respingada de cimento A saliva de teus rios fedendo lambe o vento São Paulo, teu mar arde em meus olhos

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