Hoje eu sonhei contigo Tanta desdita! Amor, nem te digo Tanto castigo Que eu tava aflita de te contar Foi um sonho medonho Desses que, às vezes, a gente sonha E baba na fronha E se urina toda e quer sufocar Meu amor, vi chegando Um trêm de candango Formando um bando Mas que era um bando De orangotango pra te pegar Vinha nego humilhado Vinha morto-vivo, vinha flagelado De tudo que é lado Vinha um bom motivo pra te esfolar Quanto mais tu corria Mais tu ficava, mais atolava Mais te sujava. Amor, tu fedia Empesteava o ar Tu que foi tão valente Chorou pra gente. Pediu piedade E, olha que maldade Me deu vontade de gargalhar Ao pé da ribanceira acabou-se a liça E escarrei-te inteira a tua carniça E tinha justiça nesse escarrar Te rasgamo a carcaça Descendo a ripa. Viramo as tripas Comendo os ovo, ai! E aquele povo pôs-se a cantar Foi um sonho medonho Desses que, às vezes A gente sonha e baba na fronha E se urina toda e já não tem paz Pois eu sonhei contigo E caí da cama Ai, amor, não briga! Ai, não me castiga! Ai, diz que me ama E eu não sonho mais!