Já não consegue levantar
Lhe falta asas no olhar
Ou
Um prédio maciço de mágoa para se jogar
Disseram-na pra deixar de ser atriz
E
Que o mundo é sádico
E gosta de te ver por um só triz
Andando pelas ruas só
Escorrendo de seus olhos
Um líquido espesso e preto
Parecendo a própria estrada
Olha pra mim, diz ela enfim
Que não é mais
Um intervalo de sua própria tristeza
O tempo pa**a
E a estrada se dissolve
Pra enfrentar de cara limpa
O desespero que consome
Olha aqui, o manequim
Pintado e bordado
Pra lhe servir
Em meio a todo plasma e horror
Su‘alma subiu ao céu
Seu corpo desceu ao mar
Su‘alma subiu ao céu
Seu corpo desceu ao mar
Su‘alma subiu ao céu
Seu corpo desceu ao mar
Su‘alma subiu ao céu
Depois desceu ao mar
Onde é o seu lugar
E a terra a fitar Ismália pôs-se a cantar
Acorrentados em mares de ilusões, tocamos a vida como veleiros instáveis
Seguindo bússolas de nortes adulterados. Buscando terras de existência duvidosa
Afinal, a**im é a vida, muita água pra pouca terra. Trata-se de aprender a flutuar tranquilamente e apenas esperar a cachoeira derradeira da eternidade
E tudo parece ruir, estraçalhar-se num caminho impuro e incerto. Um deserto de alucinações. Criaturas disformes tramando meticulosamente nosso naufrágio
Sem ar, sem lar. O vazio abaixo ruge por nossos nomes
Mas talvez no fim, quando tudo estiver perdido, surja um anjo de carne e osso para nos resgatar da eminente queda
Já não consegue levantar
Lhe falta asas no olhar
Já não consegue levantar
Lhe falta asas no olhar