[Refrão x2]
Eu já estou bêbado e sou
Um velho livro que só
Vive daquilo que tive e não daquilo que dão
E nunca houve um motivo
Para procurar um abrigo
Ou procurar um amigo para uma desilusão
[Verso 1]
Cai a chuva na cidade e esta brilha
O cheiro é aliciante para quem observa e fica
Tentado a ser pedaço do bagaço que a faz linda
Ou resto de uma garrafa que tende a ficar vazia
Era uma vez a noite numa rua tão sozinha
Enquanto esta se habitua a ter a minha companhia
Sou parte da mobília, como parte de mim esquecida
No que restam de trapos e partilhas com a vida
Acham-me triste, louco, os que pa**am mendigando
Sentimentos de um banco que só me tem aconchegado
Eu já estou bêbado. Posso dormir descansado?
Pobre desgraçado que adormece ao meu lado
E todos estes com quem partilho o telhado
Aberto a putas e vadios desgastados de um trabalho
Há sempre luz neste enorme quarto
Ou um quarto crescente que nos observa afastado
Juntos ao luar, eu e a bebida
À espera que um carro com voluntários
Chegue e nos traga comida
E porque ainda é cedo
E há sempre tempo para acender um cigarro
O tempo leva sempre isento
[Refrão x2]
Eu já estou bêbado e sou
Um velho livro que só
Vive daquilo que tive e não daquilo que dão
E nunca houve um motivo
Para procurar um abrigo
Ou procurar um amigo para uma desilusão
[Verso 2]
Há muitos abrigos, cigarros e vinho
Histórias que inventaram histórias para escrever no destino
Tudo começa no casino com dois copos de whisky
Os meus dotes no vício eram os cortes no físico
E nada é como era antes
Sorte de principiantes
Casamentos com lamentações distantes
Muitos quase fizeram de mim um prazo limitado
O que nem num pa**epartout eu tinha um espaço reservado
Favores pagam favores, mas não limpam mau cadastro
Como posso ser um bom pai se não sei ser bom padrasto
Como suposto, princesas perderam sapato e rosto
Porque o príncipe embebedou-se
E transformou-se num monstro
Deram as doze badaladas, com doze garrafas
Muitas casas e demasiadas semelhanças
Não basta seres um santo se adormeces com o diabo
O amor é cego e não tolera observar-te
Ás vezes fala a moral, eu vocalizo
Mas focalizo mal por só ver o que me importa
Assumo ter a culpa numa vivência humilde
Com uma história igual à tua só com um final mais triste
[Refrão x2]
Eu já estou bêbado e sou
Um velho livro que só
Vive daquilo que tive e não daquilo que dão
E nunca houve um motivo
Para procurar um abrigo
Ou procurar um amigo para uma desilusão