[Verso 1: Uthopia]
O café amorna, a neblina lá fora não orna comigo, mas adorna o recinto
Recito poemas ao espelho, que se tornam meu refúgio do labirinto
Sem flechas na aljava, haja limbo pra estampar sorriso
Sem lavrar novas safras, sem se safar das larvas
Que infestam tudo que toco, me levam à perder o foco
Meu frenesi interrompe o gênese da minha frônese
Que me fará arfar sem nem conseguir um pouco
Pra me salvar dessa farsa, desse drama, de uma cama de hospital
Pra uma salva dessas traças não me trazerem trauma na trama ao final
Que um equívoco não revogue, que não se jogue minha voga ao esmero
Vogais não exprimem o que espero, anulo a vã mania de viver austero, o que gero
É um simples abrigo da tempestade, pra se poder pestanejar
Um segundo efêmero, tempo pra alteridade eu manejar
Como quem trajava a mão de Jade, ou a blindagem de Jah
Jogo o engodo no lodo, forjar soluções pra alguém se engajar, só se for já (2x)
[Refrão: Uthopia]
Lá fora a chuva se recurva ao parapeito
A visão é turva e não para a dor no peito
A melodia triste de um piano cai como uma luva
E me atinge como o cair da lua
Procuro um sentido, em frente à lareira e à meus livros
Resquícios da alma se debatem em busca de vestígios
Oscilando entre a cólera e a angústia, minha voz eclode em minha consciência
[Verso 1: Polaco]
[Refrão: Uthopia]
Frágil como uma claraboia, a ideia mais clara boia na enseada
Um trago nessa água salgada e eu naufrago sem nada
Essa vontade de evadir me invade
Me faz admitir que to no limite, mas não vou desistir
Não sei se é ego, sem sinergia ou algo mútuo
Será que sou só eu que escuto?
Os brados ao horizonte, os estragos em nossas pontes
Os nós em nossos laços, os traços, e rasgos em nossos abraços
Refém de uma ferida que aqui existia, me saro mas ainda sofro abstinência