[Intro]
Lágrimas, as lágrima vem pra testar nossa fé, tá ligado, mano?
Pra ver quanto você aguenta mesmo, pá
Se você é forte o quanto se diz ser
Todo mundo chora um dia mano
Cê pode ser branco, preto, rico, pobre, independente
Tem doença que só as lágrima cura
Tem batalha que só as lágrima vence
Quantas vez, mano, eu, o choro meu solitário não lavou minha alma?
Quantas vezes a daudade não virou gota nos meus olhos?
Mas elas são medalhas
Tem que derramar só para quem realmente merece
Cria da Quebra, 2014, lágrimas
[Verso 1]
O sonho vem e ilude, a realidade ofusca
De quem sonha em ter Ferrari
E morre sem ter nem um Fusca
Ganância fode tudo, ostenta, iludi o homem
O valor tá importando, não o sabor do que consome
Demorei, mas aprendi que não nasci pra espelho
E os capote deixa marca, só os ralado no joelho
E esses mesmo ralado que ganhei jogando bola
Me ensinou mais do que 15 ano dentro da escola
Eu ri pra não chorar, disfarcei expressão com o rosto
Teimosia fez alguém em meio a lixo e esgoto
Chorar pra que se lágrima é água
Cê junta mil litro e no final troca por nada
Suor, define o que nós é muito melhor
Escorreu em cada rosto, de desgosto deu ideia
Jogou você pros lobo, você liderou a alcateia
Experimentou sangue e os bico na platéia
Onde cê luta pra não cair uma lágrima da sua véia
Corre caralho até no fim da maratona
O palhaço do circo saiu pra fora da lona
Sozinho, solitário, os veneno ele soma
Acostuma que no escuro até sua sombra te abandona
Ironia da vida quem faz sorrir, nunca ri
Maquiagem esconde alguém sofrendo ali
Os pensamento indevido, devendo pra Deus e o mundo
Uma gota de veneno talvez resolvia tudo
Mas não desiste, irmão, sai dessa honrado
Um mendigo com roupa tá no lucro, nasceu pelado
Você é livre e a terra gira meu chegado
Então se a terra gira, porque você tá parado?
Esperando acontecer, vai esperando pra vê
Eu nunca esperei, eu fui e fiz acontecer
E o tempo me deu isso, junto com as cicatrizes
Prum dia eu contar pro meu filho
Minhas histórias mais felizes
Problema não é chorar, chorar nunca foi o problema
Problema é que se tu chorar tem que valer a pena
Não chorei nas piores, já pa**ei mil treta
Pa**ei longe da faculdade comparado com a escopeta
E a vida foi me ensinando junto com o tempo
Que o vento frio carrega choro, nunca é só vento
Que vai bater de frente pra vê até onde eu aguento
Não importa pode pá, não vou usar de argumento
[Refrão: Smith]
Ela pingou no chão como uma gota de chuva, garoa fria
Respingou na minha alma fazendo a noite virar dia
Enxugue as lágrimas e honre sua véia, meu mano na moral
Eu enxuguei a minha com um papel onde havia escrito "rap nacional"
[Verso 2]
Cena repete mais do que no meu celular rap
Em meio azulejo quebrado, descalço tem um moleque
Que o choro do rosto mistura com catarro
Roupa velha rasgada, respingada de barro
Conhecimento de causa, sei quanto ele sofreu
Cada pedrada, cada "não", esse moleque sou eu
Cada riso, cada prova...
Por não ter grana pra comprar a porra de uma roupa nova
E eu pivete acreditando em Hollywood, Stallone
Van Damme e Chuck Norris, mas sempre quis ser Al Capone
Não pela máfia, irmão, de onde eu venho tem uma pá
O respeito eu também queria conquistar
Erga a cabeça irmão de Havaiana ou Adidas
Catava latinha na rua, hoje em dia eu cato vidas
Fazendo por amor, que se foda quem acredita
Eu canto rap, moleque
Porque a porra desse rap me fez viver
E hoje em dia essa porra é minha vida
Não é com teco de pão igual Maria e João
Nosso caminho foi trilhado diferente, irmão
Deixamos nessa estrada dor e sofrimento
Pra que se um dia eu tiver que voltar eu sinta pelo vento
A brisa que espalha, a lágrima na face
Quem nasce gueto morre gueto, independente à cla**e
Confia em Deus, ore; confia em si, chore
Mas faz sozinho no seu quarto sem ganhar Ibope
Jardim de corpos orvalhado pelos pais
Chora filho em saudade de quem não volta mais
Só as lembranças que trazem os mortos
Com as gota da lágrima pingada na sua foto
O mundo é foda e muitos foram mesmo com medo
Porque moto do ano fascina mais que acordar cedo
Eu me privei, água, pra quê champanhe?
Essa lágrima pode pá que você não vai chorar...mãe!
[Refrão: Smith]
Ela pingou no chão como uma gota de chuva, garoa fria
Respingou na minha alma fazendo a noite virar dia
Enxugue as lágrimas e honre sua véia, meu mano na moral
Eu enxuguei a minha com um papel onde havia escrito "rap nacional"
[Verso 3]
Não desisti, vê meus amigos indo embora
Olhava pra minha vida perguntava "e agora?"
Com vocês era foda aguentar zé povinho
Agora vocês morreram, imagina sozinho
Parei pra pensar na vida, na guia suja
E percebi que pa**a ano, década e nada muda
Almoçando salgado de $50 centavo
Sozinho em meio à multidão me encontrei mó solitário
Não dá valor pro seu almoço, né, parceiro?
Sua mãe morre, você em choque, em desespero
Não dá tempo, não volta é guerra, guerreiro
Uma lágrima em luto contamina o mar inteiro
Não mistura, irmão, só você é refém
Ela é egoísta ,não compartilhe ela com ninguém
Não usa de desculpa pelo sofrimento
Lágrima é pra chorar, não usar de argumento