[Verso 1]
A cidade está a dormir lá fora a chuva cai mais um rima sai
Em busca da paz de espírito batalha por entre o smog
Do sono colectivo tiro-te só espero que ela me acorde
Pela brisa da janela sinto um sussurro no ouvido
Que me obriga a escrever tudo o que nunca foi lido
Transmito-o sem complicar facilito a interpretação
Minimizo a poesia sem cair em repetição
Cada encontro é um som cada dia uma pauta
Hipnotizante como o sopro duma flauta
Acordo sobresaltado pelo teu chamamento
Chocas-me belisco o braço tem calma ainda estou sonolento
Será real a legendagem da imagem que projectas
Provocas a dilatação das pálpebras
Leva-me a ver o teu jardim no Inferno
Pinto vocábulos em montanhas nas folhas do meu caderno
[Refrão]
Pa**o dias agarrado ao meu caderno
Paro o tempo e adormeço num momento eterno
Largo o caos e os dias maus não são complicados
Ao criar vejo que a vida faz-se aos bocados
[Verso 2]
Espelho meu espelho meu
Acompanhaste-me nas trevas na procura do meu eu
Nunca deixei-te no pânico
Tentação e fuga foi um duelo titânico
Saltámos barreiras quebrámos fronteiras
Iluminámos plateias em noites de lua cheia
Voltei á essência do teu efeito
Acordar amnésico sem noção de qualquer conceito
Quando me deito nesse leito afogo os hábitos
Por isso não foste bem aceite por tantos sádicos
Elevei o teu respeito mostrei-te a sábios
Não reconhecendo a tua face leram-me os lábios
Tocaste bairros e ilhas mudaste filhos e filhas
Desenhaste o brasão duma nova tribo
Quando ensinaste partilhas o teu contraste nas rimas
é a explicação da forma humilde como vivo
[Refrão]
Pa**o dias agarrado ao meu caderno
Paro o tempo e adormeço num momento eterno
Largo o caos e os dias maus não são complicados
Ao criar vejo que a vida faz-se aos bocados
[Verso 3]
Os meus palácios são muito mais bonitos
E ninguém sabe ao certos os seus caminhos ou sítios
São sempre para lá do Olimpo em terras descamadas
E todos em cristal d'ouro e alabastro roxo
Têm grandes jardins suspensos e sem terra
Com flores estanques e nunca parecidas
As janelas são fugidias e totais
Mas vejo de lá édens desconhecidos
E ao fim do dia há pôr-do-sóis enlouquecidos que só eu contemplo
Que soltam luzes cruzados cânticos
E perfumes deslembrados