Vem Entra na minha casa Come a carne, abre as gavetas Leva a roupa e as camisas e os postais Vai Dizer ao fim do mundo As palavras que escorreram Na garganta dos que gritaram demais Descansa a cabeça, que a travesseira Quem ta oferece é a estalajadeira Vim Ao mundo por acaso Em Portugal, não tenho pátria Sou sózinho e sou da cama dos meus pais Sou Donde me apetecer Sou do mar e sou do corpo Das mulheres estranguladas nos canais Descansa a cabeça, que a travesseira Quem ta oferece é a estalajadeira Sei
Fazer a guerra à guerra Sei histórias verdadeiras Sei resistir ao calor, aos temporais Sei Rasgar quando é preciso É preciso tantas vezes Duas vezes, outras tantas, muitas mais Descansa a cabeça, que a travesseira Quem ta oferece é a estalajadeira Se ao Partir pela madrugada Tiver fome, matarei Para comer, roubarei vossos quintais Se ao Partir pela estrada fora Encontrar vida no mundo Pararei onde calhar, entre os mortais Descansa a cabeça, que a travesseira Quem ta oferece é a estalajadeira