Às vezes você me pergunta
Porque eu sou tão calado
Não falo de amor quase nada
Nem fico sorrindo ao teu lado
Você pensa em mim toda hora
Me come, me cospe e me deixa
Talvez você não entenda
Mas hoje eu vou lhe mostrar
Eu sou a luz das estrelas
Eu sou a cor do luar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou o medo de amar
Eu sou o medo do fraco
A força da imaginação
O blefe do jogador
Eu sou, eu fui, eu vou
Eu sou o seu sacrifício
A placa de contramão
O sangue no olhar do vampiro
E as juras de maldição
Eu sou a vela que acende
Eu sou a luz que se apaga
Eu sou a beira do abismo
Eu sou o tudo e o nada
Porque você me pergunta
Perguntas não vão lhe mostrar
Que eu sou feito da terra
Do fogo, da água e o dar
Você me tem todo dia
Não sabe se é bom ou ruim
Saiba que eu estou em você
Mas você não está em mim
Das telhas eu sou o telhado
A pesca do pescador
A letra tem meu nome
Dos sonhos eu sou o amor
Eu sou a dona de casa
Nos pegue e pagues do mundo
Eu sou a mão do carrasco
Sou raso, largo, profundo
Eu sou a mosca na sopa
E o dente do tubarão
Eu sou os olhos do cego
E a cegueira da visão
Eu sou o marco da língua
A mãe, o pai e o avô
O filho que ainda não veio
O início, o fim, o meio