[Verso 1]
Dilema de brasileiro que escuta o galo cantar
De longe eu vi igual rapina
É, irmão, nem toda alma aqui é negra ou branca
Todas o mesmo valor, só que alguns esquece da cor... da vida
Igual meu primo, só conseguiu ser gente fina porque escondeu bem sua dor
Sequela da pátria favela, sua mãe
Mulher que mata um leão, mais de um por dia
E por quê? Se é o que viemos pra ser, na selva
Matar só pra comer e não esboçar nem um sorriso
Assa**ino triste e racional
Tem mais, deixe com o tempo o Sol em paz
"Mas é só um animal"
Irmão, eu vejo a virtude de um rei no leão
Quero o que o Senhor via pra nós
Ser um leão todo dia pra reinar nessa terra sem guerra
Sabedoria
"O bicho nem sabe falar, e é a gente que pensa menos?"
Falar é um atrofiamento da comunicação
"Mas deixa pra lá. Pelo menos inventamos o avião"
Não! Roubamos o céu de quem voa ao pensar que os anjos não viam
Enquanto os pássaros vinham pra ensinar a sermos pássaros
Não pra pôr em seu caminho semáforos
Nem transformar floresta em fósforos
Escravizamos os irmãos afros e a troco de quê?
A custa de quê? Conforto?
Anjos que antes de encarnar fizeram figas pro aborto
Irmão, deu sorte os que nasceu morto
Brasil, há 500 anos atrás a nossa terra era salva
Mais que navios no cais, nos levaram a salvação
E erramos alvos demais
E os moleques hoje sem noção, irmão, não entende um A do dicionário
Quer Paz, Justiça e Liberdade?
Começa a ver que o vidão que dão na televisão não pa**a de morte
A vida pra mim é dos índios, eu mando um salve pros fortes
Que escondidinho lá na Amazônia vive em choque
Dos demônios americanos vir com as tropas de choque
Irmãos, sejam leões, espíritos de aldeões
Que grandes templos se construam, mas em nossos corações!