[Intro]
"...E que género é que gosta mais?"
"Assim aquele estilo psicadélico, mais fora do vulgar"
"Ouça uma coisa..."
[José Mário Branco / Nerve]
Vou, vou-vos mostrar mais um pedaço da minha vida, um pedaço um pouco especial
Trata-se de um texto que foi escrito, a**im, de um só jorro...
[Verso]
Esta noite vi a porta do quarto a abrir sozinha
E eu não acredito em espíritos, então resta-me aceitar que estou a variar da pinha
Escreve o que eu digo, antes destes episódios serem norma, hei-de dar o nó na corda
Beija a minha pele morta
Engole o sapo e coroa-me a carcaça
Inglória vénia ao novo rei-cadáver
ba*tarda justiça poética
Trasladação para túmulo em praça pública, numa clara póstuma homenagem cínica dessa fisgada escória
Eu não pertenço à corja de ignorantes
Só que a suposta escol intelectualóide enoja-me
Marcho contra o cor-de-rosa
Conheço a derrota pela alvorada mas, quando o sol morre, o monstro mostra-se
Mãe, estou mal na escola
A malta goza quando as minhas órbitas ganham espinhos de dentro da carne para fora
"Ignora, filho. Ter um demónio interior está na moda
Asas a sair das costas é perfeitamente normal, agora
São os noventas." – E eu a moldar uma alma torta
Vidrado na música de ódio que o meu irmão mais velho me mostra
Agora ó para mim, de cara escondida atrás da gola do casaco
Figura esguia, na noite fria, acampado à porta
Tão hipócrita
Declaro que nada importa enquanto estendo as mãos às nuvens, em súplica, à espera que do céu caiam notas
Sai um vodka, para a solitária celebração
Não sou nenhum napoleão, não tenho tropas
Entendo tanto de armas como de motas
Não sou dono da resposta para “a que horas dá hoje a bola”
Sempre fui o que ficou de fora
Nunca soube como se joga
Mas sei dedilhar um clitóris que nem um Paredes na guitarra e também não sei como se toca