Quando o carteiro chegou e o meu nome gritou Com uma carta na mão Ah! De surpresa, tão rude Nem sei como pude chegar ao portão Lendo o envelope bonito O seu sobrescrito eu reconheci A mesma caligrafia que me disse um dia “Estou farto de ti” Porém não tive coragem de abrir a mensagem Porque, na incerteza, eu meditava Dizia: “será de alegria, será de tristeza?” Quanta verdade tristonha Ou mentira risonha uma carta nos traz E a**im pensando, rasguei sua carta e queimei Para não sofrer mais Todas as cartas de amor são ridículas Não seriam cartas de amor, se não fossem ridículas Também escrevi, no meu tempo, cartas de amor como as outras, ridículas As cartas de amor, se há amor, têm de ser ridículas Quem me dera o tempo em que eu escrevia, sem dar por isso, cartas de amor ridículas
Afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas Porém não tive coragem de abrir a mensagem Porque, na incerteza, eu meditava Dizia: “será de alegria, será de tristeza?” Quanta verdade tristonha Ou mentira risonha uma carta nos traz E a**im pensando, rasguei sua carta e queimei Para não sofrer mais Quanto a mim o amor pa**ou Eu só lhe peço que não faça como gente vulgar E não me volte a cara quando pa**a por si Nem tenha de mim uma recordação em que entre o rancor Fiquemos um perante o outro Como dois conhecidos desde a infância Que se amaram um pouco quando meninos Embora na vida adulta sigam outras afeições Conserva-nos, caminho da alma, a memória de seu amor antigo e inútil