Aqui, na Terra, a fome continua A miséria, o luto, e outra vez a fome Acendemos cigarros em fogos de napalme E dizemos amor sem saber o que seja Mas fizemos de ti a prova da riqueza Ou talvez da pobreza, e da fome outra vez E pusemos em ti nem eu sei que desejo De mais alto que nós, e melhor e mais puro
No jornal soletramos, de olhos tensos Maravilhas de espaço e de vertigem: Salgados oceanos que circundam Ilhas mortas de sede, onde não chove Mas o mundo, astronauta, é boa mesa (E as bombas de napalme são brinquedos) Onde come, brincando, só a fome Só a fome, astronauta, só a fome