Quando ouço uma corrida morro abaixo despencando
Me lembro do goianinho quando tinha quinze anos
Quando o pai chegou pro filho, tome lá minha dois canos
Acompanhe os caçadores, pois, já não estou enxergando
Pegando na cartucheira e colocou em sua cintura
E falou pros companheiros não repare na estatura
Tenho fé que este menino vai fazer grande figura
Se ele puchar o pai, a chumbada é segura
Naquelas matas sombrias onde as pintadas berra
Soltaram os americanos bem no pé de uma serra
A onça dava miado que tremia toda a terra
Goianinho de coragem, ficou sozinho na espera
Quando a onça apontou dois tiros abalou o sertão
Goianinho foi ligeiro e acertou no coração
A onça pela fumaça, veio em sua direção
E numa luta de morte, rolaram os dois num grotão
O meu corpo se arrepia quando conto esta pa**agem
Goianinho estava morto bem nos pés de uma ramagem
Ao seu lado estava a onça o terror dessas paragens
Os cachorros em silêncio, na derradeira homenagem
Naquele pedaço de mato nunca mais ninguem caçou
Só se houve as cigarras nestas tardes de calor
O seu zumbido tão triste enhe o coração de dor
Pelo tom que o povo fala, é o menino caçador