Esta é só mais uma carta que depois de lida descartas
Sem nenhum valor aparente então tu segues e embarcas
Não reparas que deixas marcas num futuro que de mim afastas
Mais tarde eu explico aos herdeiros que não é a**im que naufragas
Eu percebo, é difícil a**umir o meu crescimento
Encarares a tua cria que já não depende do teu a**ento
Larguei a inocência cedo, mas como um firme laço materno
Assumes a dureza que me embala nesse berço eterno
Ainda não tenho o meu teto, mas já tomei algumas escolhas
Tão cruciais como agarrar-me a este imenso grupo de folhas
Quanto a pedras e rolhas, nem sempre me mantenho longe
Mas mantenho a consciência de que irei que ter pagar depois
Eu só quero viver o hoje, acho que é bem digno desta idade
Por muita merda que isso implique, há um mínimo de sanidade
Mas vendo bem acho que a perdi, é um equilíbrio complicado
Perdi-me em oceanos mas despertei com as tuas lágrimas mais tarde, (mami)!
Virei um bruto que só procura o seu espaço para relatar segredos
A chave que tranca esta porta barra diálogos com as paredes
Desculpa pelas perguntas que eu não fiz, não imagines em mim medos
Mas obtive respostas mais cedo quando circulava por estes enredos
Agreguei-me a redes sujas, será que foi aí que eu errei?
Hoje sou o homem grande que querias demasiado pesado para o teu colo
Vivemos um protocolo errado, eu próprio o decifrei
Na rua aprendi tudo o que sei e só na escola é que me esfolo
Sem justificações possíveis, erguí um louco noutros dias
O pouco que ambiciona tanto perde-se sempre em segundas vias
Quanto a cuidados com vadias, não te preocupes mãe
Deixei a virgindade cedo o álcool fodeu-me bem
Entretanto eu próprio abandonei essa rotina
E agora são outros os pesos que me avermelham a retina
Esta tinta e esta batida moldaram-me num puto puro
Eu sei que é tempo a menos contigo com a isolação num quarto escuro
O pai vê em mim um delinquente, eu acho-o mais um formatado
Diz que enquanto mantiver esta postura não vou a nenhum lado
Tu és só desporto e trabalho, os teus ideais foram abafados
Porque nessa camisa eu já não vejo um homem devidamente formado
Palavras marcam inconscientemente em cada êxtase teu
A revolta escorre por entre as brumas de um mundo que não é o meu!
Atenta às merdas que dizes! Embora eu saiba quem sou eu
Há ruídos que a**a**inam ligações e agora olha no que isto deu
Só somo horas em insónias com relatos dispensáveis
Do momento que desabou com outros momentos afáveis
Nunca tencionei escrever as palavras que hoje reservo...
Para quem já foi bem mais para mim mesmo em momentos não tão estáveis
De volta a ti mãe, não te preocupes! Eu não me esqueço!
Espero vir a retribuir um dia tudo aquilo que agora te peço!
Eu confesso! Não há razões para muitas das vezes que enlouqueço
Desculpa se ainda desvalorizo um amor dado sem preço!