[Verso 1]
Fazem 3 da manhã e tu sentado na mesma cadeira
Encostado no mesmo balcão a pedir a mesma bagaceira
Farto de carregar os problemas, levaste uma vida inteira
A afogá-los num copo de balão e acordares com eles na cabeceira
E nada seria tão certo se vivesses de uma certa maneira
Esta foi a tua escolha mas largar-te foi a escolha da tua parceira
E quer querias quer não, vais sentir o mundo à beira do alçapão
Sentir a canseira da obrigação e para não chorar vais voltar a voar no teu copo de balão
E tu que até sempre levaste isto tudo numa brincadeira
Agora vês-te enojado, desprezado
Afastado de todo aquele que te cheira
A rua tornou-se o teu habitat, uma casa sem porta traseira
Para ter, criar, plantar uma família não dá, para isso tiveste a primeira
Criaste problemas para o lema da vida nunca foram sina, Nunca foram metas
Ou algo parecido, não sei se é maldade
Mas cospes para o ar sem pensar na gravidade
Nos dois sentidos
E quantos em casa tão arrependidos
Quantos na rua estão agradecidos
Quantos para ter aquilo que quiseram se fizeram amigos
[Refrão]
E lá tás tu a ver chuva no telhado
Cigarro aceso e o lábio a tremer
Não fiques calado há muito para dizer
Mas tu não queres saber
E o teu balão a encher, e o teu balão a encher
Tenta esconder o orgulho e ganha a noção
Que até o ferro à chuva emperra, não é seres patrão
E só não seres mais um balão que sobe com medo da terra
Sei que quem erra errou a tentar
Sei que perdoar faz parte da lição
E eu vou continuar para aqui a falar
E tua a voar no teu copo de balão
E lá tás tu a ver chuva no telhado
Cigarro aceso e o lábio a tremer
Não fiques calado há muito pra dizer
Mas tu não queres saber
E o teu balão a encher, e o teu balão a encher (x2)