Mergulho em mim...sinto a água na pele
A luz da vida reflete num mar de papel
Tão real como a corrente que por dentro me flui
Elemento água que me leva para o que fui
Recordações não boiam, pa**am mesmo por mim
O meu pa**ado é tão fundo não me lembro do fim
Nado de olhos abertos cada vez mais distante
O meu bairro debaixo de água é tão brilhante
Em criança, família é como um canto coral
Notas tão perfeitas que a alegria é musical
Agora quente, agora frio...pressão puxa pra baixo
Andar às voltas foi tão bom adolescência é remoinho
Sinto que não estou sozinho...
Olho nos olhos do meu falecido avô num golfinho
Regresso ao cimo da alma e respiro
Lágrimas ficam para trás num rio enquanto caminho
Porquê que tudo mudou, já não me lembro
A corrente é mais forte que a barragem do tempo
Destrói o ferro e corrói sentimento
Caminho com frio numa floresta de gelo
Porquê que o coro já não canta...só grita
Canção sem notas musicais não tem harmonia
Porquê que o bairro mudou?
Já só o vento é que a**obia como um cemitério que congelou
O gelo sobe-me as pernas não me consigo mexer
Tantas caras de vidro sem expressão de viver
Memória doce de um outrora pintado a mel
Mas o salgado do agora é borratado a pincel
Família não se ama, amigos tão distantes
Crianças nascem sem gozar o que os pais viveram antes
No fim não resta nada, agarro-me ao que sobra
Como um dente de leão aguardo o vento que me sopra