As esferas que nos cobrem
Como roupas sem tecidos
Camadas infinitas de sedas, de películas
Uns aos outros nos cobrimos
Revirados do almoço
Alvoroço no pescoço nós mordemos um o do outro
Mil vezes descobrimos nossos corpos agora mesmo
Estamos nus olhando pela janela
Estamos acima da cidade
A chuva desaba e desbota as luzes do fim de tarde
O destino que me move na idade de um planeta
Rochas se chocam
São búfalos correndo
Pouco a pouco nos ferimos sem nem saber porquê
Madrugada noite adentro
Eu não amo mais você
Nos alcança a alvorada
Acordamos num rompante
O futuro acabou
Novamente estamos sós
Corre o sol pela estrada
Sobe a lua implacável
Samba meu coração