[Verso 1] Direto vejo pai brincando com filho no parque, sinto inveja Fico me perguntando "Tio, o quê que a vida fez comigo?" Sorrio pelos pivetes, acho da hora Olho pra baixo, tenho mó vontade de chorar, mas não consigo Em segundos me vem vinte e poucos dia dos pais "Guarda o presente, fi, ele já não volta mais" Arrasta a cartolina com papel crepom Ama**a, joga no lixo - Porra, pior que esse aqui tava bom Hoje fico olhando na espreita Vendo os muleques aí, com pai e mãe do lado e nem respeita Deviam ser por um dia o que eu sou há vinte anos Pra vê se cês ia tá na de trocar a coroa pelos manos Não sei se dá tristeza ou ódio Não conseguir lembrar de você sóbrio Não vi as vadia nem seus aliado Com o doutor no corredor implorando pelo o que há de mais sagrado [Refrão] Eu já pa**ei fome, já apanhei calado Já me senti sozinho, já perdi uns aliado Eu já dormi na rua, fui desacreditado Já vi a morte perto, um cano engatilhado Eu já corri dos homem, bati nos arrombado Quase morri de frio, eu já roubei mercado Já invejei quem tem pai, já perdi um bocado Eu sofri por amor, eu já vi quase tudo, chegado! [Verso 2] E mesmo a**im tive que penar pra aprender Que minha mãe não ia poder tá lá pra me ver crescer Tinha que trabalhar pra ter o que comer Não ver seu filho aprende a falar, essa porra deve doer Aguentar madame mandar e ter que acatar Ainda ouvindo o bairro sussurrar - Cê sabe, mãe solteira é o que? Ver seu tempo acabar, sua chance morrer E no fim do mês ganhar o que não dá nem pra sobreviver Me ensinou a não desistir, rapaz Miséria é foda, só que eu ainda sou bem mais Madeirite furado, cigarro, cheiro de pinga Olha onde eu cresci! Onde nem erva-daninha vinga! Como cê vai sonhar com pódio Se amor é luxo e com a grana que nois tem só dá pra ter ódio?
Coisas da vida, história repetida , algo a**im Com quatro anos eu já via o mundo inteiro contra mim [Refrão] [Verso 3] E o que eu sempre tive foi minha rima O resto se foi tipo trampo, amigo, mina Eu nunca quis viver disso, nunca nem sonhei com isso Eu tava acostumado a rimar por hobby e trampar por uns trocado E eu ia pro crime, irmão.. Se não fosse a confiança do Pedro e do Felipão Sem dinheiro, já dava pa ver o fim Mas um me levou pra Liga e o outro fez as bases pra mim Na fé, me pôs no lugar onde vários quer nome Foda-se todos, eu não quero mais pa**ar fome Amo isso, você é contribuinte Assim ó, escrever como quem vai morrer no dia seguinte Vagabundo pirou nos flow, a cada ideia ouvia "Hoow!" Quando vi o radinho tocou, gente querendo show E agora eu vou fazer virar com os meus É real, o menino do morro virou Deus! Eu quase me perdi nas ilusão Fui salvo, por ter sabedoria e pé no chão Chamei uns de irmão, quando nóis era sócio Pensei ter feito amigos e tava fazendo negócios Odeio vender algo que é tão meu Mas se alguém vai ganhar grana com essa porra, então que seja eu E os que não quer dinheiro, mano é porque nunca viu a barriga roncar mais alto do que eu te amo Eu vi minha mãe me jogar dentro do guarda-roupa trancado Era o lugar mais seguro quando a chuva levou os telhado E dizia "Não se preocupa, chuva é normal" Já vi o pior disso aqui, vê o bom hoje é natural E o justo, então antes de criticar quem cê vê trampar Cala boca e pensa em quantas história cê tem pra contar Falar que ao dizer "A Rua é Nóiz" pago de dono da rua Desculpa, eu vivo isso e a incerteza é sua! Se você não se sente dono dela, shiu, não fode! E antes de escrever um rap me liga e pergunta se pode