Ele bebeu, bebeu
tipo vencedor
e depois riu, riu
como Bira do Jô
Cumprimentô
todo mundo à la vereador
E subiu o morro estilo viatura
Ele nos deu, nos deu
Toda a fé de um pastor
Depois sumiu, sumiu
Deixando só a dor
Ignorou o aviso
Devagar com o andor
E flertou por sobre a vida dura
Trafegou aéreo, dançou sério, pala
Serpente rasteja, credo, pobre mestre sala
Cigarro no bolso, barro, Für Elise embala
No solo onde impera, qualquer bonde é vala
Toma outro drink, se é o que lhe resta
Toma outro drink, a vida é uma festa
Viaja Amyr Klink, faz eterna sua sesta vai
Nem deu tempo pra dizer, bye bye
A vida é só um detalhe
A vida é só um detalhe
A vida é só um detalhe
A vida é só um detalhe
É tudo, é nada, é um jogo que mata
É uma cilada
A vida é só um detalhe
A vida é só um detalhe
Padeceu, desceu
Como na seca, flor
E nóiz seguiu, seguiu
Juntando o que restou
Uns retrato, disco
Foi morar de favor
Bem quando vi que o mundo é sem
Calma
Aconteceu, teceu
Como Deus desenhou
No que surtiu, surgiu
Um peito sofredor
Era rato, bicho, mofo, fedor
Mais saudade, que é sentir fome com a
alma
E na ceia migalhas, no júri mil gralhas
não jure, quem jura mente, pra sempre, fé falha
vida, morte, números, de neguinho
aqui é cada um com a sua coroa de espinhos
qual a sua droga? Tv, erva?
Qual a sua droga? Solidão, cerva?
Onde você se esconde? Onde se eleva ein?
O que é seu, em terra de ninguém?
A vida é só um detalhe
A vida é só um detalhe
A vida é só um detalhe
A vida é só um detalhe
É tudo, é nada, é um jogo que mata
É uma cilada
A vida é só um detalhe
A vida é só um detalhe
Era dia de Cosme
Madrugada
Chovia lá fora
De repente alguém chama
Jacira, sou eu, Luiz
Pressenti
Miguel morreu
O que mais poderia ser?
Além do mais, meu coração já estava apertado
Prevendo desgraça
Na festa do terreiro, a certa hora
O Erê subiu
E quem desceu foi seu Sultão da Mata
Me chamou disse
Pegue os meninos
Vá pra casa
Disse "Prepare o coração e seja forte, vá"
Levantei, abri a porta e a desgraça se confirmou
Uma briga, o tombo
O Seu Zé do Doce socorreu
Seu Zé é a representação do Estado no Jardim Fontális
Talvez ainda até hoje
Notícia pra dar, vaquinha pra enterrar
Domingo
Justo eu, que me criei sem pai
Perder o pai já é uma tragédia
Perdê-lo na infância é sentir saudade
Não do que viveu, mas do que poderia ter vivido
O enterro, a volta
O olhar do menino marejando, pensando longe
Sem entender
E o meu coração apertado, sem conseguir explicar
O tempo foi encaixando tudo
Os pertences dele sempre no mesmo lugar
O velho chinelo abandonado respondem
Ele não vai voltar
Os dias são escuros mesmo com sol quente
O silêncio de Miguelzinho cala
Cada vez mais fundo no peito da gente
Quando o pai morre, a gente perde a mãe também
Eu já sabia o que era isso
Como pode alguém morrer no mesmo dia que nasceu