[Refrão: Rael]
Não é só ver e julgar (tem que colar, tem)
Tem que ser (tem que ser) pra se misturar
Aí vai ver que é nóis
Que o rap é voz, que o reggae é voz e o samba
Vai entender de nóis, não só falar de nóis
Porque você com nóis nem anda
[Verso 1: Rael]
Era meio de semana e eu durango, sem grana
Do Iporanga sentido a Santo Amaro, e paro
E faço um tempo no ponto porque o tiozinho faz desconto
Eu pego um cigarro solto e dou uns trago aqui
Vou de carona
Será que tem condições? Porque tô sem condições
Entende as situações? Daquela sem uns tostões, cê tá ligado?
Eu tô ligado no quê? Se eu só te vejo na praça
Um violão, uns doidão e uma pá de fumaça
E quer pagar de falido, que tá todo fodido
Se pa**a fiscal aqui é tu que fode comigo
Então firmeza, piloto, vai nessa, eu vou em outro
Tu é bom de direção, mas pensamento é escroto
O bagulho é louco e de pouco acontece
Tem gente que te vê, mas nem te conhece
[Refrão: Rael]
[Verso 2: Rael]
Eu só queria saber que mania é essa
Toda mão que tu me vê, cresce o zóio e já começa
A dizer: Nem pra polícia pa**ar aí, e ver
Catar esse neguin de meia hora pra bater
"Bibi!" É isso que tu não aguenta
Alguns pa**am aqui e buzinam, outros param e comprimentam
Também, dou maior valor pra qualquer um
Pras tiazinha, pros careta e pros manos que fyah bun
Não importa a idade, o sotaque, a cidade
Se é preto ou branco, se tem ou não tatuagem
Ah, se toda empresa fosse a**im
Me aceita**e como eu fosse e não repara**e em mim
Repararam, mas vi que me julgaram
Mas só me enrolaram, e nunca me chamaram
Igual você, gosta de julgar a aparência
Nem parou pra conversar, não teve essa competência
Mas tu mudou, nem sei por quê?
Será que foi aquelas fita que eu fiz de TV?
Pra tu ver, você se asustou, né?
Do som até gostou, né?
"Aquele é o filho do Zé"
E a porra do CD quer
Pois é... é cinco conto!
[Refrão: Rael]
[Verso 3: Emicida]
Empresários perdem milhões, pobres acham, devolvem
Barões matam nações, que se refazem, se movem
Manipulam informações, fodem
Grandes populações que não se envolvem
Trancados em mansões, é, eles podem
Seguros das monções, oh right, no problem
Epidemias, liquidações, dormem
Pessoas simples nos barracões, orem
Calam manifestações, aí, olhem
Por cifras, com vidas, não estranhe que joguem
Atrás de notícias compradas se escondem
Sem dó tiram comida de outro homem
Artistas fazem rir, presidentes fazem chorar
Tiros são barulhentos mas não impedem de escutar
O canto dos que lutam pelo povo sempre vivo
Gente louca faz música, gente séria explosivo
[Refrão: Rael]