Vila do Calvário, campo do Cruzeiro
Foi tanta gente lá pra ver Jesus
Nosso capitão, nossa contenção
Só joga na bola: nunca viu cartão!
Maria, sua mãe, a lavadeira;
Ria de orgulho de seu rebento:
Jesus nunca sujou o fardamento
Que ela bordou à mão há mais de mês
Jesus, camisa 33
A Vila “tava” toda lá
Cachorro, moleque, malandro e batucada
“Nêgo” apertava um atrás do bar
Verô trouxe bandeira pra enfeitar
Leninha puxa o canto pra empurrar
Começa o jogo em pleno lê lê ô... Zeirô, Zeirô
Ele grita, marca, puxa, rouba, faz a linha burra
Antecipa, rasga, lança, fala com o juiz
Jesus dá sermão no meio campo:
— Chega, Pedro!
— Toca fácil, André!!!
— Corre, João!!!
— Tá 2 a 1 pra nós, pros cara, só falta 1 !!!
42...
Pedro domina marcado
Sem opção toca atrás pra Jesus
Que erra ao fazer um corta-luz!
Tomé, o goleirão, no “sai-não-sai”, não foi
O centro-avante antecipou
Gol
E como culparam Jesus...
E como xingaram Jesus!
E como bateram em Jesus
Vila do Calvário, Campo do Cruzeiro
Foi tanta gente lá matar Jesus