[Verso 1]
Nasce uma flor, varia na cor
Mas é incolor para o Criador
Uma criação sem força de ação
Fraco coração. Mas mal criação
Virá com o tempo representado
Pela areia na ampulheta
Como o discurso, troca de lado
Sendo moldado mais que a silhueta
Entre sair da arena ou arar a terra
Pra fazer brotar em campo de guerra
Nesse mar de gente, sem guelra que ajude
Quem ama o deseja mesmo em área rude
Rude como a cultura que entra na mente por exposição
Sem a permissão se fixará como alicerce pra invocação
De cada argumento. Se ele for feito de barro ficamos na lama
Mas se os pilares são feitos de ouro; sob o tesouro quem cuspirá drama?
E é isso o que nos educa! Sempre preso a muvuca
A mesma que o anjo segue. E o demônio cutuca
Cordeiro com vara curta. Tudo em longo prazo
Pra experimentar os de dez, sete, cinco anos
E em caso mais extremo, pega o menos imune
Mostra o que há de pior. Tudo é questão de costume
Produzido com o tempo de quem tá à mercê
Do meio ambiente, crianças como você e como eu...
[refrão x2]
Eles querem correr, querem crescer
Poder pegar os doces no alto da prateleira
São iguais a você, iguais a mim
Inocência mirim, a minha causa primeira
[Verso 2]
São corpos de poucos anos, transportam tanto calo
Na alma, palma. Poeira e pureza vão pelo ralo
Cada vez que retornam da rua que nos reforma
Com um kit de lei e vício. Edifício que adorna
O sonho que é exposto à distância e é imposto
De perto de pai pra filho, mas culpa não tem rosto
Todos têm sua porção na invenção desse portfólio
Do universo da compra que fica aí de espólio
Pros nossos pequenos. Se o dólar vale menos
Eles sabem. Assisto o enterro de nossos ingênuos
Que aprendem, fazem, atacam, defendem
Cumpra a cerimônia, mas de nós não mais dependem
Irmão cuidando de irmão, tem! Criança pedindo esmola, tem!
Que prefere campo a colégio, tem! Pensando que crime é remédio, também!
Fato é que educação não tem só haver com uma sala, carteira
Cadeira imunda, jaula vagabunda, controle de segunda à s**ta-feira
O futuro vira só resto de tudo o que o mundo propôs
E não há acordo e protesto porque nosso povo compôs
Os pais compõem, ninguém se opõe a evolução torta e lenta
Por isso eles vão sonhar e brincar aos cinco de idade e ainda aos quarenta...
[refrão x2]
[Verso 3]
Criança absorve o que há no entorno, a**imila o que há de vantagem
Miséria de grana, menos que virtude ferra a saúde da autoimagem
Até que não haja a auto avaliação do que fomos e somos
Mas se o presente fala do pa**ado; do que você acha que nós somos donos?
O futuro é tão ilusório, também não tem nada a ver com destino
Mas só que culturas são fios de nylon movendo as pernas de tanto menino
E menina. A vida ensina mais do que qualquer professor
Que fala de história, mas o aluno cria uma de dominado e dominador
E isso não é fardo de preto, pardo, sem pai
Cada grito escutado não vai, é uma ficha que uma hora cai
Pro molde de quem chuta o balde, quando sai da forma se esbalda
O resto é só adereço, começa no tempo da fralda
O governo põe sua melhor fraude perante gestante, no primeiro instante
Ele faz parecer que agora é trabalho e que a escola será o bastante
Olhe para o mundo! Olhe pra você lá no fundo!
Veja quanta gente não realizada que amargam escolhas a cada segundo
E isso que quero evitar. Saca? Nessa lacuna tem algo que ataca
Tem só oito anos de história sofrendo com o próprio fim numa maca
Mas creio na revolução, esses sonhadores conheço de cor
Pois sou como eles, nada sereno e faço dos pequenos minha causa maior
[refrão]