[Verso 1]
Só cartas com contas
Que já pa**aram o prazo
Ainda não fiz compras do mês
E o puto não percebe o atraso
O telefone sempre a tocar
É a divida do automóvel
A sala esta vazia, já desisti do sofá e do móvel
Um filho p'ra alimentar
E outro na barriga já se mexe
O seguro do carro esta a chegar
E este mês nem paguei a creche
Já cortei com o café
Vou cortar com os nites
Agarrado a jornais
A meter currículos em sites
Só p'ra voltar a ouvir
Que a vaga já foi preenchida
Levar as mãos à cabeça
Pensar pôr termo à vida
Já pondero imigrar
P'ra França ou Angola
Ou flashar, entrar num banco
E aponta-los uma pistola
Tornou-se um luxo ir jantar
Levar a dama ao cinema
Só falo por sms
Tornou-se luxo um telefonema
E a quem recorrer
Se os bros tão todos na mema
Pragados na rua
À procura de algum esquema
[Refrão 2x]
Já não dá (já não dá p'ra acreditar)
Já não dá (já não dá p'ra aguentar)
Já não dá, já não dá
[Verso 2]
Só vejo casas com placas
De leilão ou de venda
E a minha vai pelo mesmo andar
Que eu já não aguento esta renda
E governo não dá às famílias
Mas dá aos bancos bué da pilim
Mais tarde ou mais cedo
Dás com um brotha a dormir
No banco d'um jardim
E querem que um gajo mendigue
Pela merda dum subsídio
Parado na segurança social
Onde o funcionário agride-o
E de repente
O povo ta perder o raciocínio
E admiram o aumento
De a**altos e a**a**ínios
O pior é que nós e que sofremos
Com os a**altos e a**a**ínios
Que esses filhos da puta estão protegidos
Escondidos nos seus condomínios
Os verdadeiros a**altantes
Entram no banco na maior
E saem com as mãos no bolso do fato
E o dinheiro desviado p'ra um offshore
Não é à toa que estão a construir
Mais cadeias
Não é à toa que reforçam polícias
P'ra nos matar à tareia
É que isto já esteve muito marado
Mas isto nunca esteve a**im
O people tá revoltado
Eles têm medo dum motim
[Refrão 2x]
Já não dá (já não dá p'ra acreditar)
Já não dá (já não dá p'ra aguentar)
Já não dá, já não dá
[Verso 3]
Endividei-me p'ra pagar
Propinas e um certificado
Ter uma licenciatura
P'ra ficar desempregado
Ou acabar num call center
Ou caixa de supermercado
A trabalhar a recibos verdes
Com 500 euros de ordenado
E no meio disto
Ainda sou privilegiado
Porque a maioria do meu peoples
Tá no muro encostado
Quem estava em Espanha voltou
Acabou o El Dorado
E arranjar um visto p'ra Angola
Tá a ficar complicado
Foderam esta merda toda
E é sempre o povo sacrificado
No próximo 25 de Abril
Quero ver alguém enforcado
Eles choram pelas ações
Perdidas no PSI 20
Meu peoples aqui chora
Pela refeição seguinte
E mostram-nos pessoas
Na porta do BPP a reclamar
Meu peoples já fazem fila
Na porta do banco alimentar
Já não voto, porque o voto
Não dá voto na matéria
Política perdeu a seriedade
E duvido que recupere-a
[Refrão 2x]
Já não dá (já não dá p'ra acreditar)
Já não dá (já não dá p'ra aguentar)
Já não dá, já não dá