Na quermesse da miséria,
Fiz tudo o que não devia:
se os outros se riam, ficava séria;
se ficavam sérios, me ria.
(Talvez o mundo nascesse certo;
mas depois ficou errado.
Nem longe nem perto se encontra o culpado!)
De tanto querer ser boa,
misturei o céu com a terra,
e por uma coisa à toa
levei meus anjos à guerra.
Aos mudos de nascimento
fui perguntar minha sorte.
E dei minha vida, momento a momento,
por coisas da morte.
Pus caleidoscópio de estrêlas,
entre cegos de ambas as vistas.
Geometrias imprevistas,
quem se inclinou para vê-las?
(Talvez o mundo nascesse certo;
mas evadiu-se o culpado.
Deixo meu coração – aberto,
à porta do céu – fechado.)