[Verso 1: Gabriel, o Pensador]
Estás a ver o que eu estou a ver?
Estás a ver? Estás a perceber?
Estás a ouvir o que eu estou a dizer?
Estás a ouvir? Estás a perceber?
Eu tenho visto tanta coisa nesse meu caminho
Nessa nossa trilha, que eu não ando sozinho
Tenho visto tanta coisa, tanta cena
Mais impactante do que qualquer filme de cinema
E se milhares de filmes não traduzem
Nem reproduzem a amplitude do que eu tenho visto
Não vou mentir pra mim mesmo
Acreditando que uma música é capaz de expressar tudo isso
Não vou mentir pra mim mesmo, acreditando
Mas eu preciso acreditar na comunicação
Mas eu preciso acreditar na...
Não há melhor antídoto pra solidão
E é por isso que eu não fico satisfeito
Em sentir o que eu sinto
Se o que eu sinto fica só no meu peito
Por mais que eu seja egoísta
Aprendi a dividir as emoções e os seus efeitos
Sei que o mundo é um novelo, uma só corrente
Posso vê-lo por seus belos elos transparentes
Mudam cores e valores, mas tá tudo junto
Por mais que eu saiba, eu ainda pergunto:
[Refrão: Adriana Calcanhotto]
Tás a ver? A vida como ela é
Tás a ver? A vida como tem que ser
Tás a ver? A vida como a gente quer
Tás a ver? A vida pra gente viver
("...Já que a vida é feita de pequenos nadas...")
[Verso 2: Gabriel, o Pensador]
Tás a ver? A linha do horizonte
A levitar, a evitar que o céu se desmonte?
Foi seguindo essa linha que notei
Que o mar na verdade é uma ponte
Atravessei-a e fui a outros litorais
E no começo eu reparei nas diferenças
Mas com o tempo eu percebi
E cada vez percebo mais como as vidas são iguais
Muito mais do que se pensa, mudam as caras
Mas todas podem ter as mesmas expressões
Mudam as línguas, mas todas têm
Suas palavras carinhosas e os seus calões
As orações e os deuses também variam
Mas o alívio que eles trazem vem do mesmo lugar
Mudam os olhos e tudo o que eles olham
Mas quando molham todos olham com o mesmo olhar
Seja onde for, uma lágrima de dor
Tem apenas um sabor e uma única aparência
A palavra "saudade" só existe em português
Mas nunca faltam nomes se o a**unto é ausência
Solidão apavora, mas a nova amizade encoraja
E é por isso que a gente viaja
Procurando um reencontro, uma descoberta
Que compense a nossa mais recente despedida
Nosso peito muitas vezes aperta, nossa rota é incerta
Mas o que não é incerto na vida?
[Refrão: Adriana Calcanhotto]
Tás a ver? A vida como ela é
Tás a ver? A vida como tem que ser
Tás a ver? A vida como a gente quer
Tás a ver? A vida pra gente viver
("...Já que a vida é feita de pequenos nadas...")
[Verso 3: Gabriel, o Pensador]
A vida é feita de pequenos nadas
Que a gente saboreia, mas não dá valor
Um pensamento, uma palavra, uma risada
Uma noite enluarada, ou um sol a se pôr
Um bom dia, um boa tarde
Um por favor, simpatia é quase amor
Uma luz acendendo, uma barriga crescendo
Uma criança nascendo, obrigado, Senhor
Seja lá quem for o Senhor
Seja lá quem for a Senhora
A quem quiser me ouvir e a mim mesmo
Preciso dizer tudo o que eu estou dizendo agora
Preciso acreditar na comunicação
Não há melhor antídoto pra solidão
E é por isso que eu não fico satisfeito
Em sentir o que eu sinto
Se o que eu sinto fica só no meu peito
Por mais que eu seja egoísta
Aprendi a dividir minhas derrotas e minhas conquistas
Nada disso me pertence
É tudo temporário no tapete voador do calendário
Já que temos forças pra somar e dividir
Enquanto estivermos aqui
Se me ouvires cantando, canta comigo
Se me vires chorando, sorri
[Refrão x2: Adriana Calcanhotto e Gabriel, o Pensador]
Tás a ver? A vida como ela é
Tás a ver? A vida como tem que ser
Tás a ver? A vida como a gente quer
Tás a ver? A vida pra gente viver
A vida pra gente viver
("...Já que a vida é feita de pequenos nadas...")
De pequenos nadas...